sexta-feira, 29 de junho de 2012

Ideias Sustentáveis 2: as garrafas pet

Devido ao grande número de acessos ao post relacionado com ideias sustentáveis (realmente aplicáveis e aplicadas?), resolvi fazer mais um post sobre o tema, desta vez, tratando somente sobre as garrafas pet. Para quem não sabe, o termo "pet" origina-se do politereftalato de etileno, que é formado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol, originando um polímero, termoplástico. Aula de química à parte, é um composto utilizado na fabricação de embalagens para bebidas, ou seja, aquelas garrafas de água, suco e refrigerante que todos conhecemos. Bem, o problema da garrafa pet é que ela demora cerca de 400 anos para se degradar no meio ambiente. Embora possam ser recicladas, esta reciclagem não acompanhou a produção das garrafas, gerando um problema ambiental na medida em que surgem poluindo matas, rios e córregos.


Buscando trazer soluções que minimizem o problema das garrafas pet, resolvi trazer ideias ecológicas para se usar esse resíduo. Além de ajudar o meio ambiente, podem também gerar empregos e quem sabe, um consumo mais responsável pelas pessoas, ou seja, o chamado consumo "verde". Veja algumas ideias bem interessantes que podem até ser realizadas na própria residência:

1. Quem nunca teve dificuldade para desatar nós de sacolas? Essa é uma ideia super simples e prática e você pode fazer em dois segundos. É cortar a garrafa perto da tampa! Quando for fechar a sacola, é só  colocar no saquinho e fechar com a tampa da garrafa.

2. Um porta-lápis ou canetas. Tem gente que vive ganhando canetas de eventos ou de propaganda de empresas e quando menos percebe, já tem um montão de canetas. Uma solução bem simples é cortar a garrafa pet mais ou menos na altura de 10 cm e está pronto o porta-canetas. Se preferir, pode colocar um acabamento como visto na foto:

3. Olha que fofa essa ideia. Quem tem animal em casa sabe como é difícil sair de casa e deixar comida pro bichinho não passar fome e nem comer de forma exagerada. A foto ilustra uma opção igualmente simples e bem comedida para não disponibilizar ração em excesso para o lindo felino:

4. Essa ninguém pensou antes como seria prático. Uma lixeira feita com garrafas pet. É só usar durex ou outro tipo de material que possa juntar as garrafas no molde desejado, que pode ser conforme a foto a seguir:

5. Uma ideia já bem conhecida, porém não menos importante. O uso do fundo das garrafas pet para fazer hortas caseiras. Além de bonito, fica bem organizado:

6. Um porta treco. Para fazer esse lindo objeto é necessário cortar o fundo de duas garrafas (refrigerante - 2 litros) e costurar com a máquina um zíper entre os dois pedaços. Agora posso pegar todos aqueles mini objetos que ficam soltos pela casa e guardar no porta treco.

7. Esse aí é mais complicado de fazer. Mas imagina só fazer uma vassoura só com garrafas pet? Nos faz pensar que a imaginação é infinita. Parece que dá um trabalho, mas também pode gerar trabalho!

8. Por fim, um outro exemplo de criatividade, praticidade e beleza. Uma bolsa feminina feita com o mesmo material das demais ideias. Ficou bem bacana né? Também necessário maior habilidade e tempo para produzir, mas pode gerar uma boa renda pra quem souber fazer né?

9. Até um sofá pode ser feito com garrafas pet. O princípio deve ser o mesmo da lixeira. É só juntar tudo e usar alguma coisa que grude as garrafas na posição desejada. Agora é só colocar umas almofadas e relaxar!


Bem, as ideias são realmente interessantes, mas aproveito para deixar três conselhos: evitem consumir refrigerantes em garrafas pet quando há a possibilidade de comprar garrafas de vidro, pois estas são bem mais recicláveis e por serem retornáveis, reduzem o custo do produto adquirido. O segundo conselho é não comprar mais refrigerantes, sucos e águas só para produzir essas ideias, pois acabaria com todo o sentido da mensagem... Por fim, façam a coleta seletiva! Ou seja, separem o lixo conforme a composição do material. Garrafas pet no lixo de plásticos!! Espero que tenham gostado!!

domingo, 24 de junho de 2012

Você sabe qual a sua pegada de carbono?



Você sabe qual a sua pegada de carbono? Você sabe o que é pegada de carbono? Bem, a pegada de carbono é a quantidade de dióxido de carbono (CO2) que você produz no dia-a-dia simplesmente porque você existe. As pegadas nos dão uma ideia do nosso dia-a-dia. Por exemplo, se usamos um carro como transporte diário para ir ao trabalho, teríamos uma pegada de carbono bem superior àqueles que utilizam transporte público, assim como também influenciam o consumo de energia, quantidade de viagens de avião, dentre outros aspectos. 

Hoje em dia, essa medida é importante para as empresas pois passarão a ter cotas de emissões de gases de efeito estufa (GEE), ou seja, terão que adaptar suas tecnologias e controlar suas emissões para conseguir atingir suas metas. Caso não consigam atingir essa meta, poderão aumentar sua cota comprando permissões de outras empresas que tiveram excesso de cota ou mesmo comprando créditos de carbono como uma forma de compensar esse impacto ambiental que não foi evitado. Esses ativos ambientais serão negociados pela Bolsa Verde do Rio de Janeiro (BVRIO) como forma de contribuir com o desenvolvimento sustentável na medida em que as organizações precisam atender às suas cotas de emissões e reduzir o impacto ambiental gerado pela atividade empresarial. 


Para quem não sabe, um crédito de carbono é igual à 1 tonelada de dióxido de carbono (CO2) cuja emissão foi evitada. O CO2 é a medida padrão para pegada de carbono, no entanto, outros gases se manifestam como causadores do efeito estufa, tais como o gás metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Só pra vocês terem uma ideia, o gás metano tem um potencial de aquecimento 21 vezes mais do que o CO2, e portanto, se você deixa de emitir uma tonelada de CH4, você possui 21 créditos de carbono. Sabe onde o gás metano é emitido sem muito controle? Por meio da flatulência de vacas, por exemplo. Como controlar isso? É complicado... hehe. O óxido nitroso é 310 vezes maior e tem outros gases muito mais superiores que o CO2, que é melhor nem comentar.


Bem, para quem tiver interesse em medir sua pegada de carbono, é só acessar esse link e informar dados sobre consumo de energia elétrica, gás, combustível e viagens aéreas. Ao final do cálculo, será informado sobre quantas toneladas de CO2 você emitiu, o que se refere à sua pegada de carbono. O próximo passo é compensar essa pegada por meio da Iniciativa Verde, que é a plantação de árvores correspondentes à sua emissão de GEE para eliminar o impacto ambiental gerado. Isso é uma forma de contribuir com o esforço global de impedir o aquecimento global e gerando benefícios para as gerações futuras. A ideia é boa, falta só conscientizar a população sobre a importância dessa atitude.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sacolas plásticas de volta?


Quando a gente pensa que está evoluindo, de repente acontece isso: as sacolas plásticas podem voltar aos supermercados de São Paulo. Essa supeita ocorre em virtude de o Conselho Superior do Ministério Público ter suspendido o acordo assinado entre o Ministério Público, o Procon-SP e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) que proibiu a distribuição gratuita das sacolinhas plásticas nos mercados do estado.

Vamos analisar por partes. Inicialmente, vale ressaltar que não foram ainda divulgadas as razões para esse fato. No entanto, o boato recorre ao fato de que o ônus da não distribuição das sacolas plásticas está recaindo apenas sobre os consumidores. Bem, já recebi diversas opiniões sobre a questão das sacolas plásticas, questionando porque as sacolas de legumes e frutas, bem como as embalagens de arroz e feijão podem ser utilizadas e as sacolinhas de levar compras são proibidas. A minha opinião é a seguinte:

1º: As sacolas retornáveis conseguem resolver o problema do transporte das compras, portanto, não acredito nessa desculpa do ônus recaindo sobre os consumidores;

2º: A proibição da distribuição das sacolas plásticas consegue atingir dois objetivos: a redução do consumo das sacolas plásticas (estimada em 2,4 bilhões por mês só em São Paulo), ajudando a preservar o meio ambiente,  e conscientizar a sociedade acerca da problemática ambiental. Toda essa exigência das pessoas em reaver essas sacolas, nos mostra que precisamos de medidas mais eficientes para conscientizar a população, visto que ainda não entenderam a importância de reduzir tal consumo. O não uso de sacolas plásticas é uma medida de preservação ambiental que cada um de nós podemos contribuir individualmente, sem haver maiores sacrifícios.

3º O Governo precisa esclarecer essa diferença entre as sacolas de supermercados e as embalagens utilizadas nos produtos, frutas e legumes. Parece injusto e o plástico utilizado nessas embalagens é muito mais prejudicial, visto que é mais resistente que os demais.

4º Os supermercados tiveram uma redução em seus custos devido à eliminação das sacolas plásticas, e porque seus produtos continuam tão abusivos? Vivemos em uma sociedade em que o rico é cada vez mais rico, e o pobre...

Em pleno a Rio+20, estamos passando por uma questão como essa. Os varejistas de São Paulo informaram hoje que irão aguardar nota oficial do Ministério Público de São Paulo. Só espero que as pessoas que já haviam se acostumado com esse novo hábito, tenham a consciência de recusar as sacolas plásticas, ou pelo menos os supermercados tenham o ônus de distribuir somente sacolas oxibiodegradáveis sem cobrar diretamente do cliente, pois infelizmente sabemos que o custo é incorporado no produto.  

Então: é isso que você quer para o futuro?

domingo, 17 de junho de 2012

Como buscar a economia verde por meio da análise do ciclo de vida dos produtos


Partindo da ideia do último post, neste momento iremos tratar sobre a Análise do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos, que significa estudar todas as fases da vida de um produto ou serviço com o intuito de melhorar a gestão deste produto, seja para reduzir custo, recursos e/ou impactos ambientais incorridos no processo. O que isso tem a ver com economia verde, ecoeficiência e sustentabilidade? Bem, o resultado eficiente de uma ACV implica na possibilidade de coexistência entre o desempenho financeiro e ambiental, desde que esse desempenho ambiental seja de fato comprovado pela redução do impacto na natureza e/ou pela recuperação da mesma. 

O foco da presente discussão é dado principalmente para gestão empresarial, no entanto, consumidores responsáveis também têm interesse, uma vez que se preocupam em adquirir produtos e serviços que sejam ambientalmente sustentáveis. A ACV é abordada pelas diversas fases da vida de um produto ou serviço, desde a extração de recursos na natureza até a sua disposição final após o seu uso, tal como visualizado na figura a seguir:


Em cada uma dessas fases são incorridos custos e impactos ambientais, que podem depender do fornecedor de matéria-prima, do próprio fabricante ou até do consumidor final, no entanto, o maior gerenciador do ciclo de vida do produto é o fabricante, pois sua ações impactarão na ações dos demais. Por exemplo, o fabricante pode optar por um fornecedor de materiais recicláveis ou não, tirando parte da responsabilidade do fornecedor. No entanto, o próprio fornecedor também deve procurar desenvolver materiais mais sustentáveis para que esses fabricantes possam iniciar o ciclo de vida de forma mais responsável. 

As fases seguintes se referem à produção e embalagem que estão sob o controle do fabricante, o qual deverá buscar inovações tecnológicas que reduzam a geração de resíduos e de poluentes nesse processo, assim como usar embalagens mais recicláveis, evitando por exemplo, o uso de plásticos, que consomem muita energia na fabricação e demoram para se decompor no meio ambiente. 


Por fim, o fabricante deverá pensar no descarte final do produto após o uso. Ele pode ser responsável por recolher o produto ou parte dele, como é o exemplo de produtores de pilhas e baterias, ou buscar desenvolver formas de reutilização ou destinação sustentável desses resíduos finais. Um outra ação importante é conscientizar os consumidores sobre a importância da coleta seletiva para fins de reciclagem e destinação adequada do resíduo, bem como o consumo de produtos que tenham menor impacto no meio ambiente. 


Todas essas fases do ciclo de vida podem trazer também um retorno financeiro para a empresa por meio da redução de custos ou aumento das vendas por atrair maior número de consumidores responsáveis. Todo o ciclo envolve a redução de insumos e resíduos, e reaproveitamento como matéria-prima ou produtos secundários, gerando uma eficiência financeira e ambiental. Com uma análise bem feita do ciclo de vida, considerando ações sustentáveis que melhorem a gestão desses produtos e serviços, é possível contribuir com o desenvolvimento sustentável buscando atingir a ecoeficiência empresarial sob a abordagem da economia verde.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Economia Verde


Nos dias 8 e 9 de junho ocorreu o Congresso Nacional de Excelência em Gestão no Rio de Janeiro, fazendo parte da Agenda 21 da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, o qual o tema do evento foi a Sustentabilidade Organizacional no contexto da Rio+20. O congresso contou com a participação de diversos pesquisadores, docentes e empresários que se reuniram no sentido de discutir a sustentabilidade organizacional na prática, se destacando a apresentação do professor da UFRJ Rogério do Valle que abordou questões relacionadas à construção de uma economia verde. 

Nesse sentido, cabe inicialmente definir o que vem a ser a economia verde, conceito este trazido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) como “aquela que resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica”. É tratada também em uma definição mais simples como "uma economia de baixo carbono, eficiente em uso de recursos e socialmente inclusiva". O referido conceito tem gerado discussões na medida em que reflete em outra definição já solidificada que é o desenvolvimento sustentável. Para umas pessoas, economia verde substitui o desenvolvimento sustentável pois este não é operacionalizável. Mas se por um lado entendem que pode trazer a noção de desenvolvimento sem crescimento, não sendo possível incorporar grandes saltos tecnológicos pela escassez de aplicação de recursos, por outro lado, outros entendem que o crescimento econômico tende a se neutralizar uma vez que criam-se pressões adicionais sobre os ecossistemas. 

Bem, deixando essas questões conceituais à parte, vamos falar da operacionalização da economia verde nas organizações. De acordo com o professor da UFRJ, a forma mais eficiente de uma empresa atingir um desempenho financeiro e ambiental é por meio da análise do ciclo de vida dos produtos, na qual é “uma técnica que avalia o desempenho ambiental de bens e serviços, desde a obtenção dos recursos naturais até a disposição final”. Ou seja, a preocupação não se limita somente à redução dos recursos usados nos processos produtivos, mas principalmente sobre a destinação final deste produto no meio ambiente. Partindo deste ponto, o próximo post vai tratar especialmente sobre a análise do ciclo de vida, destacando-se o gerenciamento do ciclo de vida do produto e suas relações com o meio ambiente. A relevância do tema se baseia principalmente na questão da disposição final dos produtos, pois do ponto de vista do planeta, não existe como jogar lixo fora, porque não existe “fora”.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Apresentando o conceito de ecoeficiência empresarial


Ontem foi o dia do meio ambiente, e para comemorar isso, vamos trazer um conceito fundamental sobre o desenvolvimento sustentável que implica na coexistência pacífica entre empresas e o meio ambiente. Mas porque tratar de empresas? Por que são as maiores exploradoras de recursos naturais, e mesmo após este consumo ainda geram grande volume de resíduos e impactos ambientais. Portanto, é importante entender como funciona essa relação, a qual pronuncia a possibilidade de geração de resultados financeiros na medida em que se protege o meio ambiente.


Parece um assunto banal de se tratar, mas não podemos nos iludir achando que entidades com fins lucrativos irão investir em proteção e/ou recuperação ambiental simplesmente pelo fato de estarem preocupadas com o meio ambiente. Tais investimentos são onerosos e podem comprometer financeiramente uma empresa. Vimos no post anterior que os dois principais motivos que fazem com que as empresas realizem práticas gerenciais ambientais estão focados em atender às legislações ambientais e melhorar a imagem da entidade. Portanto, é necessário existir uma justificativa mais atraente para que as empresas possam investir no meio ambiente independentemente das pressões sociais e normativas.


Para isso, surgiu o conceito de ecoeficiência pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) onde sugere a possibilidade de obter um bom desempenho ambiental atrelado ao bom desempenho financeiro, seja pelo ganho de receitas, seja pela redução dos custos. A idéia da ecoeficiência se baseia no pensamento de que a redução de materiais e energia por unidade de produto ou serviço aumenta a competitividade da empresa podendo também criar valor, da mesma forma em que reduz as pressões sobre o meio ambiente. Para o WBCSD, é possível atingir essa ecoeficiência simplesmente alcançando os seguintes princípios:
a) Redução da intensidade de materiais;
b) Redução da intensidade de energia;
c) Redução da dispersão de substâncias tóxicas;
d) Aumento da reciclabilidade dos seus materiais;
e) Maximização do uso de recursos renováveis;
f) Extensão da durabilidade dos produtos;
g) Aumento da intensidade dos serviços.

Desta forma, fica estampado este conceito que deveria ser uma meta a ser atingida por todas as organizações empresariais. No entanto, ainda não há uma uma forma objetiva de mensurar essa ecoeficiência para determinar metas. Por outro lado, o alcance dos princípios propostos pelo WBCSD já é considerado um excelente indicador de ecoeficiência!